Biólogo das Cobras
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O Biólogo Henrique foi destaque na Folha de São Paulo em Julho de 2024 por seu grandioso trabalho nas redes sociais em defesa da fauna silvestre, especialmente das cobras, tão mal compreendidas!!!
https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2024/07/biologo-usa-redes-sociais-para-combater-ma-fama-de-cobras.shtml
Estudos com proteínas não tóxicas derivadas do veneno da Jararacuçu revelam resultados promissores para a produção de futuros fármacos aliados ao combate da COVID-19.
O peptídeo sintetizado nesta pesquisa realizada no Instituto de Química da UNESP inibe a replicação do SARS-CoV-2 (Fontes, 2021).
A ação antibacteriana, exibida por este peptídeo, foi a motivação para os testes em outros agentes infecciosos, especialmente o SARS-CoV-2 que assola a humanidade e já ceifou mais de 4,4 milhões de vidas no mundo todo.
Este peptídeo encontrado na Jararacuçu, derivado da Bothropstoxina-I, é uma molécula pequena capaz de interagir e bloquear a PLPro, uma enzima do coronavírus que atua em sua multiplicação nas células e está presente em todas variantes do SARS-CoV-2, sugerindo que esta molécula da serpente mantenha sua eficácia mesmo diante das mutações virais (Freire et al., 2021).
A atividade antiviral foi capaz de inibir até 75% da capacidade do vírus se multiplicar nas células de macaco cultivadas em laboratório. Para o ensaio, tais células receberam o peptídeo e, após uma hora, o vírus foi adicionado à cultura, que posteriormente foi avaliada, revelando o quanto o vírus deixou de se reproduzir. Em outra etapa, uma vez conhecida a ação do peptídeo da cobra, a molécula foi testada especificamente contra a enzima PLPro viral. Mas os estudos não param por aí… diferentes dosagens da molécula, ainda serão avaliadas, além de outras possíveis funções na célula, como a de proteção contra a invasão do vírus. Em etapa futura, pré-clínica, a eficácia do peptídeo para tratar animais infectados pelo novo coronavírus será estudada. Diante das atividades inibitórias enzimáticas e celulares atrativas, estes peptídeos sintéticos, derivados do veneno de serpente, são protótipos promissores para a descoberta e desenvolvimento de novos fármacos contra a infecção por SARS-CoV-2 (Freire et al., 2021).
A jararacuçu, Bothrops jararacussu, é uma serpente que pode ser encontrada aqui no Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai. É uma víbora de grande porte, com fêmeas que podem alcançar 2,2 metros de comprimento total. B. jararacussu exibe um alto grau de dimorfismo sexual, um dos maiores valores registrados em cobras, impulsionado pela seleção da fecundidade; fêmeas maiores se reproduzem com mais frequência, gerando uma grande ninhada e tamanho da prole, entre os maiores no gênero. O sucesso reprodutivo desta espécie também pode ser aumentado pelo macho que pode prolongar seu potencial para acasalar (Silva et al., 2020). Seu tamanho imponente e a grande quantidade de veneno que é capaz de injetar em sua mordida causam temor a quem as encontra, mas acidente com esta espécie é incomum (Rosenfeld, 1971; Miliani et al., 1997). O veneno botrópico tem efeitos proteolíticos, coagulantes e hemorrágicos, com casos de AVC em atendimentos tardios (Sachett et al., 2020).
A cobra cascavel, Crotalus durissus, é uma espécie de serpente peçonhenta neotropical conhecida por seu chocalho na ponta da cauda, robusta e de médio porte, alcançando cerca de 1,6 m de comprimento. Sua dieta é composta, principalmente, por roedores, mas inclui também lagartos (Argaez, 2012). O veneno da cascavel produz neurotoxicidade, distúrbios de coagulação, miotoxicidade sistêmica e insuficiência renal aguda, com possível dano adicional ao coração e fígado (Monteiro et al., 2001). A C. d. terrificus endêmica do Brasil apresenta uma peçonha com forte atividade letal e miotóxica, com grandes quantidades do complexo neurotóxico crotoxina, e fracos efeitos proteolíticos, hemorrágicos e formadores de edema, semelhantes aos recém-nascidos de C. d. durissus (Gutiérrez et al. 1991) e, em caso de acidentes, o antiveneno do Instituto Butantan apresenta títulos de anticorpos anticrotoxina muito maior em comparação com outro instituto, sendo mais eficiente (Saravia et al. 2002). É a espécie que mais causa óbito em acidentes ofídicos no Brasil (Ministério da Saúde, 2019), especialmente por insuficiência renal aguda (Pinho, Zanetta & Burdmann, 2005) e sua presença é favorecida pelas atividades humanas que, além do aumento de roedores fornecendo abundância alimentar, promove a dispersão desta cobra facilitada por áreas abertas de pastagens criadas após desmatamentos (Bastos, Araujo & Silva, 2005), remontando bem o cenário pleistocênico, do processo de especiação vicariante na floresta amazônica a exemplo de espécies não florestais como a cascavel neotropical em sua expansão para o sul do continente (Wüster et al. 2005).
A Surucucu-do-pantanal, Hydrodynastes gigas, também conhecida como Jararacussu-do-brejo, Jararacussu-piau e Boipevassu, é uma das maiores cobras da América do Sul, podendo chegar até 3 metros de comprimento total. É uma serpente generalista, que se alimenta de anfíbios, répteis, peixes, mamíferos, aves e até carniça (López & Giraudo, 2004). Um estratégia predatória desta serpente é o uso da cauda para espantar suas presas abrigadas em moitas, expondo-as para seu ataque (Strüssmann & Sazima, 1990). Se destacando como uma grande predadora nos ecossistemas aquáticos sul-americanos (Giraudo et al., 2014), onde está amplamente distribuída (Carvalho et al., 2020). Apesar de haver registro de envenenamento com a picada desta espécie, não há consequências médicas graves (Keyler et al. 2016).
A Jararaca-da-caatinga, Bothrops erythromelas, também conhecida como Jararaca-da-seca e Jararaca-malha-de-cascavel está presente na caatinga (Freitas, 2003). É uma serpente pequena (menor que 1m), marrom-avermelhada, robusta, terrestre, com atividade crepuscular e noturna, alimentando-se de rãs, lagartos e roedores (De Oliveira et al., 2018; Freitas, 2003). Quando ameaçadas, podem exibir tanatose, um comportamento de fingimento de morte com o boca ligeiramente aberta e parte ventral do corpo voltada para cima (dos Santos & da Silva Muniz, 2012). Sua toxina apresenta atividade inflamatória, hemorrágica e coagulante (Oliveira et al., 2010; Santoro et al., 2015).
As Bothrops são responsáveis pela maior parte dos acidentes ofídicos no Brasil, incluindo o sertão nordestino, que atribuídos a esta espécie (Oliveira et al., 2010; Ministério da Saúde, 2019) e podem causar hemorragia, edema, dor, mionecrose, hipotensão e insuficiência renal aguda (de Sousa et al., 2016). Suas miotoxinas foram comparadas, demonstrando efeito de cinco a oito vezes maior para o grupo das B. jararacussu, B. moojeni, B. neuwiedi e B. pradoi do que para B. erythromelas, B. alternatus, B. atrox, B. cotiara e B. jararaca, sendo esta última fracamente relacionada ao grupo anterior (Moura-da-Silva, Cardoso & Tanizaki, 1990). Outro estudo, além da miotoxicidade, avaliou efeitos neurotóxicos, exibindo variados graus de bloqueio neuromuscular e a neutralização desse efeito pelo soro antibotrópico em B. erythromelas foi de 65,8%, variando para as outras espécies (Zamunér et al., 2004). Em uma análise comparativa entre a toxina das fêmeas de Bothrops e seus descendentes, notou-se variação ontogenética da peçonha, onde a atividade caseinolítica de todos os venenos de cobras fêmeas e a atividade pró-coagulante de seus filhotes foram extremamente altas e, B. erythromelas, tanto a mãe quanto sua prole não apresentaram atividade amidolítica e os mais elevados níveis de fator X e ativadores de protrombina sem ação semelhante à trombina (Furtado et al., 1991).
Estudos filogenéticos sugerem hibridização introgressiva desta espécie e reportam que B. erythromelas foi a primeira a divergir do grupo B. neuwiedi na Caatinga, seguida por B. lutzie no Cerrado (Machado, Silva & Silva, 2013), com híbridos em cativeiro entre B. erythromelas e B. neuwiedi (Santoro et al., 2015).
Uma revisão da toxina desta espécie está disponível em Nery et al. (2016), abordando, além destes estudos supracitados, pesquisas que apontam a identificação de uma proteína para determinar envenenamento por B. erythromelas, efeito renal desta peçonha em estudo de fator de resistência em soro de gambá, semelhança genética com B. moojeni, maior similaridade com veneno de B. alternatus e outros estudos realizados ao longo de 36 anos com o veneno desta espécie.
A serpente Oxyrhopus rhombifer, conhecida como falsa-coral, devido seu padrão de cores em bandas pretas, brancas ou amarelas e vermelhas, semelhantes às cobras corais verdadeiras, embora haja registro anômalo de mesma coloração em listras longitudinais (Azevedo et al., 2018). É uma espécie de colubrídeo de tamanho pequeno, menor que 100 cm, terrestre e noturna, apesar de eventualmente ser vista sobre vegetação cerca de 20 cm do solo e também durante o dia, principalmente em áreas abertas (Sawaya et al., 2008; Menezes et al., 2018), ocorre na Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e em todos os biomas brasileiros (Nogueira et al., 2019). É uma espécie generalista, alimentando-se principalmente de lagartos, pequenos mamíferos e cobras (Sawaya et al. 2008, Quintela et al., 2020) e servindo de alimento para outros animais como coruja-buraqueira (Sawaya et al., 2003; dos Santos et al., 2021). É ovípara, com ninhada variando de quatro a 17 ovos (Gaiarsa et al. 2013) e apresenta dimorfismo sexual, com fêmeas maiores que machos (Quintela et al., 2020).
Sua coloração aposemática é um mecanismo de defesa, como um sinal de advertência e perigo para quem ser aproximar, mesmo que seja um blefe. Dentre os comportamentos defensivos que as serpentes podem exibir, esta falsa-coral pode permanecer imóvel, fazer a compressão dorsoventral do corpo, exibir a cauda, elevação do primeiro terço do corpo, vibração corporal, postura em "S", movimentos erráticos, falso bote, descargas cloacais, escondendo a cabeça, fuga e bote (de Assis et al., 2020), muitos deles exibidos no vídeo do canal Chácara Comédia Selvagem (2021).
Esta espécie já foi mencionada como não venenosa potencialmente perigosa (Lema, 1978) e este gênero corresponde à ~9% das picadas em humanos feitas por cobras opistóglifas (Prado-Franceschi & Hyslop, 2002), com uma outra espécie congênere, Oxyrhopus guibei, causando 205 casos ao longo de mais de 70 anos de registros no Hospital Vital Brazil, no Instituto Butantan, São Paulo (Silva, 2019). As picadas de O. guibei geraram manifestações clínicas locais com dor, sangramento transitório, eritema, edema, parestesia, dor intensa , dor irradiada e equimose. Apenas 18,5% dos pacientes manifestaram sintomas sistêmicos com tontura transitória ou cefaleia leve, sendo tratados com antissépticos, anti-histamínicos e analgésicos e 33,7% dos pacientes não apresentaram evidências de envenenamento. Nenhum paciente apresentou sequela ou complicações (Silva, 2019). Demonstrando que acidentes com este tipo de cobra são leves, mas devido sua semelhança com corais verdadeiras, potencialmente letais, toda cuidado deve ser tomado, a fim de evitar acidentes fatais.
Que a cada dia que passe, mais e mais pessoas possam ter acesso à informação, aprendendo de maneira descontraída sobre a vida fabulosa das cobras e de outros animais.
Conhecimento para todos!!!
Muito obrigado!
Biólogo Henrique
"Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade"
Raul Santos Seixas