Acidentes ofídicos
Biólogo Henrique & Bióloga Rita
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Biólogo Henrique & Bióloga Rita
Os acidentes ofídicos são envenenamentos causados pela inoculação de toxinas, por intermédio das presas de serpentes (aparelho inoculador), podendo determinar alterações locais (na região da picada) e sistêmicas.
Os agentes causadores são as serpentes consideradas de importância médica no Brasil, classificadas em quatro tipos: Botrópico, Crotálico, Laquético e Elapídico.
Serpentes consideradas não peçonhentas sejam elas áglifas (sem dentes inoculadores de toxina) ou opistóglifas (com dentes especiais posteriores detentores de ranhura capaz de conduzir a peçonha) também podem causar acidentes em humanos.
Causado por serpentes dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararaca, jararacuçu, urutu, cruzeira, caissaca). É o de maior importância e distribuição dentre os acidentes ofídicos no Brasil.
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Ocasionado por serpentes do gênero Crotalus (cascavel). No país é representado apenas pela espécie Crotalus durissus.
Leia sobre a CASCAVEL, a serpente que mais causa óbito no Brasil
Provocado por serpentes do gênero Lachesis (surucucu-pico-de-jaca, surucucu-de-fogo, surucutinga). No país é causado somente pela espécie Lachesis muta.
BOTE DA SURUCUCU, entenda o perigo
Causado por serpentes dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus. O gênero Micrurus (coral verdadeira) é o principal representante de importância médica da família Elapidae no Brasil.
CORAL VERDADEIRA, assista ao vídeo sobre acidente
Outros gêneros de serpentes causam acidentes de menor gravidade e são encontrados em todo o país: Philodryas (cobra-verde), Clelia (muçurana, cobra-preta), Oxyrhopus (falsa-coral), Xenodon (boipeva), Helicops (cobra d’água), Eunectes (sucuri), Boa (jiboia), entre outras.
Conheça um pouco mais sobre as Serpentes PHILODRYAS, opistóglifas que causam acidentes semelhantes ao Botrópico
O que fazer em caso de Picada de Cobra:
Se possível, lave o local da picada com água e sabão e procure socorro imediatamente.
Beba água, beba muita água!
Procure o hospital de emergência o mais rápido possível! Caso não seja possível, acione um dos serviços: bombeiros 193, samu 192 ou defesa civil 199, pois todos estes órgãos estão devidamente capacitados para socorrer vítimas de serpentes peçonhentas!
Mantenha o acidentado calmo, de preferência com a área da picada elevada e o paciente deitado.
Se a serpente estiver visível, pode tirar algumas fotos, mantendo distância segura. Não perca tempo com o animal, não é necessário!
No hospital, o médico fará exames clínicos para saber que tipo de soro deverá administrar, caso confirme o envenenamento.
O que NUNCA fazer:
NUNCA faça TORNIQUETE! A peçonha já circulou e o torniquete poderá aumentar o edema e a necrose no local, além de dificultar a ação do soro antiofídico. O torniquete aumentará as chances de amputamento ou perda de mobilidade dos membros.
Nunca use produtos como emplastros, urina ou pó de café, pois poderão contaminar o local e te farão perder o tempo precioso para o atendimento adequado.
Nunca faça cortes, furos ou chupe o local da picada. Isso poderá causar hemorragia ou contaminação grave.
Não atrase o atendimento médico, na busca por tratamentos alternativos, nem tentando capturar a cobra, pois poderá ser picado novamente, ou aumentar o número de vítimas, além de perder um tempo crucial, diminuindo as chances de uma recuperação plena e rápida.
Mantenha a vítima hidratada e calma.
Vá imediatamente para o hospital!
Biólogo Henrique Abrahão Charles e Bióloga Rita de Cássia Lamonica Charles
Especialistas em Serpentes
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Após um acidente ofídico, o paciente deve ser tranquilizado e removido para o hospital ou centro de saúde mais próximo. O local da picada deve ser lavado com água e sabão. Na medida do possível, deve-se evitar que a pessoa ande ou corra, ela deve ficar deitada com o membro picado elevado, mantendo-a hidratada. Não se deve fazer o uso de torniquetes (garrotes), incisões ou passar substâncias (folhas, pó de café, couro da cobra etc.) no local da picada. Essas medidas interferem negativamente, aumentando a chance de complicações como infecções, necrose e amputação de um membro.
O único tratamento eficaz para o envenenamento por serpente é o tratamento com o soro antiofídico, que é específico para cada tipo (gênero) de serpente. Quanto antes for iniciada a terapia com soro, menor será a chance de haver complicações.
As escolhas do soro e sua dosagem dependem do diagnóstico médico, que deve levar em consideração as peculiaridades de cada tipo de acidente. Antes de administrar o soro, o profissional de saúde deve avaliar se há manifestações clínicas que indiquem que o indivíduo foi picado por uma serpente peçonhenta. Há muito mais serpentes não-peçonhentas na natureza e, para essas, não há necessidade de tratamento com soro. Deste modo, a soroterapia sempre deve ser indicada por um médico e a aplicação deve ser feita de acordo com a gravidade do envenenamento.
O CID 10 para acidentes ofídicos em caso de envenenamento é X20 (Contato com serpentes e lagartos venenosos) e em caso de animais não peçonhentos W59 (Mordedura ou esmagamento provocado por outros répteis).
O diagnóstico é clínico-epidemiológico, não sendo empregado na rotina clínica exame laboratorial para confirmação do tipo de veneno circulante. Nos acidentes botrópicos, laquéticos e crotálicos, exames de coagulação devem ser realizados para confirmação diagnóstica e avaliação da eficácia da soroterapia. Para as áreas onde há superposição na distribuição geográfica de serpentes do grupo Bothrops e do gênero Lachesis, o diagnóstico diferencial somente é possível com a identificação do animal ou, no caso de acidente laquético, pela possibilidade de desenvolvimento de manifestações vagais.
O tratamento é feito com a aplicação do antiveneno (soro) específico para cada tipo de acidente por via intravenosa, sob atendimento médico-hospitalar, de acordo com a gravidade do envenenamento. A utilização de cada soro está representada no quadro abaixo. A administração dos antivenenos pode causar reações adversas precoces ou tardias. No entanto, testes de sensibilidade cutânea não são recomendados, pois, além de terem baixo valor preditivo, retardam o início da soroterapia.
Produtores nacionais (Instituto Butantan, Instituto Vital Brazil, Fundação Ezequiel Dias e Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos) fornecem ao Ministério da Saúde os antivenenos (soros) necessários para a distribuição das cotas aos Estados, levando em consideração critérios epidemiológicos, que são as notificações de acidentes por animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
A disponibilização desses antivenenos é essencial para a redução de óbitos, pois, utilizados de forma adequada, são a forma mais eficaz de neutralização da peçonha do animal causador do acidente.
Veja na tabela abaixo os soros utilizados para cada tipo de acidente ofídico, de acordo com a gravidade:
No Brasil, em 2019, foram registrados cerca de 268 mil acidentes por animais peçonhentos, dentre serpentes (30 mil), aranhas (36 mil), escorpiões (156 mil), lagartas (6 mil), abelhas (22 mil) e outros animais em menor proporção.
Apesar do escorpionismo (envenenamento causado por picada de escorpião ou quadro clínico resultante do acidente escorpiônico) vir se destacando no Brasil e ser um agravo de considerável relevância por levar a óbito o maior número de vítimas por animais peçonhentos atualmente em nosso país (†169, em 2019), sua taxa de letalidade corresponde à 0,11%, dentre os acidentes por animais peçonhentos, o acidente ofídico apresenta a maior taxa de letalidade (0,50%) e o gênero Bothrops é o maior causador destes acidentes no Brasil (85,4% dos casos com serpentes peçonhentas), levando a óbito 0,46% de suas vítimas. Neste gênero temos belíssimas serpentes, sendo popular, a Jararaca (Bothrops jararaca). A serpente brasileira que mais mata no Brasil é a Cascavel (Crotalus durissus), com uma taxa de letalidade de 1,21%, em seguida a Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta), com 0,46% de letalidade. Acompanhe melhor esses números no link do Ministério da Saúde listado abaixo.
Quando pensamos em acidentes, a prevenção é a melhor alternativa! Proteja a sua vida e a vida dos animais silvestres também. Evite o confronto, deixe o animal seguir seu curso, use algum instrumento para afastá-lo de seu caminho, sem machucá-lo! Examine com cautela objetos antes de usar, mantenha a área limpa (sem entulhos e lixos), vede frestas e buracos em portas, assoalho e forros. Em período de calor, é muito comum avistarmos serpentes, especialmente aquelas sinantrópicas (espécies que convivem com o ser humano, inclusive sendo favorecidas por suas atividades), como é o caso da Jararaca. Veja no link o que ocorreu em Minas Gerais, a criança alertou a mãe sobre a presença da cobra dentro do carro, sob a cadeirinha! A mãe parou o carro, saíram em segurança e os bombeiros foram acionados para a remoção do animal do interior do veículo. Todos bem!!!
Atenção para o verão, pois aumenta o número desses acidentes!!!!
Respeite a vida!!!
Caso necessite remover o animal, chame os BOMBEIROS (DISQUE 193)!